08/10/2013

Segredo para aproveitar os benefícios do alimento está na moderação

Para alguns é um momento de alegria indescritível, para outros a companhia perfeita quando se sentem cansados. Algumas pessoas não sabem viver sem ele. Muitas se dizem até viciadas. Quantos mistérios estão escondidos dentro de uma barra de chocolate?

Um estudo da conceituada revista médica inglesa New England Journal of Medicine, publicado em outubro de 2012, afirma haver correlação entre o número de prêmios nobel e o consumo de chocolates: países que consomem mais chocolates per capta tem maior índice de laureados. A explicação possível é a de que o chocolate aumente a capacidade de processamento cerebral, chamada de função cognitiva.

A resposta pode estar nos flavonoides, que são substâncias presentes no chocolate e nos chás também. Estes compostos exibem propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes. É também atribuída aos flavonoides a melhora do funcionamento cerebral em idosos com demência que consumiram bebidas à base de chocolate. Ainda com relação ao cérebro, o consumo de 50 g de chocolate rico em cacau (versões mais amargas) mostrou uma redução de 14% nas taxas de AVC em mulheres.

O chocolate também pode ser bom para o coração. Um estudo sueco de nove anos de duração indicou que mulheres consumidoras de chocolate com alto teor de cacau, uma a duas vezes por semana, apresentavam menores taxas de insuficiência cardíaca, enquanto aquelas que consumiam o alimento diariamente não apresentavam benefício. Mas há relatos de melhora nos índices de pressão arterial naquelas pessoas que consumiram chocolate todos os dias.

Vários estudos demonstram que o chocolate afeta de forma positiva o humor. A hipótese é a de que o chocolate tem ação sobre dois sistemas cerebrais que ajudam a controlar as emoções: os sistemas dopaminérgico e opióde. Nesse caso, o chocolate é visto como uma “comida conforto”, ou seja, aquela comida que provoca sentimentos em quem a ingere. Geralmente as comidas conforto são aquelas mais ricas em calorias, gorduras ou açucares e de mais fácil digestão. O problema é que o consumo de comidas conforto em situações negativas está justamente associado ao desenvolvimento de humor mais deprimido, como é o caso do chocolate. Isso quer dizer que o alívio imediato, mas não sustentado, pode desencadear mais efeitos negativos que positivos. Porém, ainda não há um consenso sobre os reais benefícios psicológicos do chocolate e muito ainda precisa ser estudado para se chegar a uma conclusão definitiva.

Afinal, chocolate faz bem?

Ao tomar conhecimento de todos esses benefícios, muitos podem pensar que o consumo de chocolate está liberado. Entretanto, alguns problemas infelizmente existem. O chocolate que consumimos é adicionado de açúcares e gorduras saturadas, que são extremamente danosos ao nosso corpo. A preferência deve ser dada aos chocolates meio amargos, que apresentam maior teor de cacau na sua composição. Os chocolates ao leite elevam os índices de colesterol ruim, mas na contramão, os chocolates meio amargos com pelo menos 60% de cacau reduzem essa mesma substância.

Aqui, sempre vale a regra do equilíbrio. Também no ano de 2012 a revista médica Archives of Internal Medicine publicou um artigo com a conclusão de que o consumo frequente de chocolate estava associado a índices menores de massa corporal (IMC), sugerindo que os antioxidantes presentes nos chocolates poderiam ser responsáveis por este resultado sobre o peso. A ideia é que o consumo de chocolates com maior teor de cacau, os meio amargos, seja de fato benéfica. No entanto, deve ser incorporada na dieta em pequenas quantidades. Apesar dos inúmeros estudos sobre seus benefícios, o chocolate é um alimento muito calórico e que se consumido em excesso irá sim levar ao ganho de peso.

Aqui vai um paralelo: sabemos que correr faz bem à saúde, mas passar muitas horas correndo pode levar ao desenvolvimento de lesões nos músculos e articulações. O raciocínio é o mesmo para o chocolate, até o meio amargo: se consumido em excesso irá levar ao ganho de peso e perderemos seus benefícios potenciais. Pense nisso!

Referências

Sorond, FA. Neurovascular coupling, cerebral white matter integrity, and response to cocoa in older people. Neurology, 2013; DOI: 10.1212/WNL.0b013e3182a351aa;

Messerli FH. Chocolate consumption, cognitive function, and Nobel laureates. N Engl J Med. 2012;367:1562-1564;

Larsson SC, Virtmo J, Wolk A. Chocolate consumption and risk of stroke in women. J Am Coll Cardiol. 20;

Flammer AJ, Sudano I, Wolfrum M, et al. Cardiovascular effects of flavanol-rich chocolate in patients with heart failure. Eur Heart J. 2012;33:2172-2180;

Buijsse B, Feskens EJ, Kok FJ, Kromhout D. Cocoa intake, blood pressure, and cardiovascular mortality: the Zutphen Elderly Study. Arch Intern Med. 2006;166:411-417;

Larsson SC, Virtmo J, Wolk A. Chocolate consumption and risk of stroke in women. J Am Coll Cardiol. 2011;58:1828-1829.11;58:1828-1829;

Mostofsky E, Levitan EB, Wolk A, Mittleman MA. Chocolate intake and incidence of heart failure: a population-based prospective study of middle-aged and elderly women. Circ Heart Fail. 2010;3:612-616;

Ried K, Sullivan TR, Fakler P, Franks OR, Stocks NP. Effect of cocoa on blood pressure. Cochrane Database Syst Rev. 2012;8:CD008893. Larsson SC, Virtamo J, Wolk A. Chocolate consumption and risk of stroke: a prospective cohort of men and meta-analysis. Neurology. 2012;79:1223-1229;

Zomer E, Owen A, Magliano DJ, Liew D, Reid CM. The effectiveness and cost effectiveness of dark chocolate consumption as prevention therapy in people at high risk of cardiovascular disease: best case scenario analysis using a Markov model. BMJ. 2012;344:e3657;

Jia L, Liu X, Bai YY, et al. Short-term effect of cocoa product consumption on lipid profile: a meta-analysis of randomized controlled trials. Am J Clin Nutr. 2010;92:218-225;

Mursu J, Voutilainen S, Nurmi T, et al. Dark chocolate consumption increases HDL cholesterol concentration and chocolate fatty acids may inhibit lipid peroxidation in healthy humans. Free Radic Biol Med. 2004;37:1351-1359;

Nehlig A. The neuroprotective effects of cocoa flavanol and its influence on cognitive performance. Br J Clin Pharmacol. 2012 Jul 10. [Epub ahead of print];

Parker G, Parker I, Brotchie H. Mood state effects of chocolate. J Affect Disord. 2006;92:149-159;

Rose N, Koperski S, Golomb BA. Mood food: chocolate and depressive symptoms in a cross-sectional analysis. Arch Intern Med. 2010;170:699-703;

Golomb BA, Koperski S, White HL. Association between more frequent chocolate consumption and lower body mass index. Arch Intern Med. 2012;172:519-521.

Leave a Reply

Posso ajudar?